domingo, 1 de fevereiro de 2009

COMO AS CRISES SOCIAS INFLUENCIAM AS DINÂMICAS EDUCACIONAIS

Para evitar encerramentos

Governo britânico vai nacionalizar as escolas privadas mais afectadas pela crise
31.01.2009 - 15h25 PÚBLICO
O Governo britânico vai alterar o estatuto de algumas escolas privadas mais afectadas pela crise económica para que sejam financiadas e não tenham de fechar as portas. Cinco escolas já aderiram a esse projecto, mas muitas deverão seguir-se para que já estejam a ser financiadas no próximo ano lectivo.

O projecto de nacionalização das escolas foi anunciado pelo secretário de Estado das Escolas, Jim Knight, que em declarações ao “The Guardian” explicou que a nacionalização se fará através da conversão dos centros mais afectados pela crise em academias financiadas pelo Estado. O objectivo é resolver dois problemas: o risco de encerramento de várias escolas privadas que muitos pais já não conseguem pagar e a perspectiva de uma grande afluência às escolas públicas que, em algumas regiões, estão já sobrelotadas.

Jim Knight explicou ao diário britânico “The Guardian” que o projecto irá centrar-se sobretudo nas regiões onde há mais procura por lugares nas escolas. No Reino Unido existem cerca de 600 mil alunos em escolas privadas, o que representa cerca de 7 por cento do total da população em idade escolar.

Haverá várias condições para que as escolas privadas adiram ao programa do Governo. Terão de deixar de ter provas de acesso, por exemplo, e de cobrar pelas matrículas dos alunos. Terão também de comprometer-se a cumprir os programas nacionais, mas por outro lado manterão maior independência em áreas como a contratação de funcionários e poderão ter programas mais alargados ou outras actividades que não são comuns noutras escolas públicas.

“Tornar-se uma academia [financiada pelo Estado] não será uma questão de escolha para muitas escolas privadas, mas sim a sua única opção”, disse ao “The Guardian” o director do Wellington College, Anthony Seldon. A medida está a ser comparada aos “bail-out” anunciados após o início da crise para garantir a sobrevivência de instituições financeiras.

Cinco estabelecimentos de ensino já aderiram, mas há várias áreas em que a competição cerrada está a deixar as escolas sem capacidade para continuar a funcionar no próximo ano. Para Jim Knight, “a situação económica actual deverá levar a um aumento do interesse no programa das academias”. E acrescentou: “Vamos continuar a considerar propostas de escolas independentes em áreas onde há falta de bons estabelecimentos de ensino secundário, e onde o facto de uma escola privada se transformar numa academia pode ajudar a colmatar isso”. Para já, não foi divulgado o investimento que o Governo fará neste projecto, nem revelado quantas escolas poderão ser abrangidas ou em que regiões.

A iniciativa está a ser bem acolhida por parte dos directores de escolas. John Dunford, secretário-geral da Associação de Directores de Escolas e Colégios, disse ao “The Guardian” que “em tempos de recessão, o número de inscrições em escolas privadas vai inevitavelmente diminuir. Algumas escolas privadas vão escolher o estatuto de academia, em vez de fechar”.

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